
Catedral News nº 51
A surpresa de José com a notícia da concepção de Maria só foi suportada pela fé em Deus e na esperança de que os seus desígnios estavam sendo realizados. Tudo era novo e não havia precedentes dessa natureza: Maria imaculada conceber o Filho de Deus e o carpinteiro José se tornar aquele que recebeu do Altíssimo a missão de cuidar da Criança mais importante que veio ao mundo.
A gravidez de Maria foi se desenvolvendo e na medida que os meses se passavam maior era a expectativa da vinda do Filho amado. No início os enjoos, o corpo todo se transformando físico e emocionalmente, mas Maria se sentia fortalecida ao lado de um marido amoroso e zeloso que aceitou a concepção desde o seu início e que tudo faria para criar e educar o Menino Jesus.
Eram tempos difíceis e de perseguição, a vida humana não tinha qualquer valor para os reis e poderosos. Por muito pouco pessoas eram transformadas em escravas, com os seus direitos usurpados, vivendo entre a vida é a morte para satisfazer os desejos do Senhorio. José não aceitaria deixar que sua família vivesse nessas condições e não admitiria que a criança que Maria trazia sem seu ventre sofresse pela força no cetro de um rei que sentenciara à morte todos os pequeninos, condenados pelo simples fato de terem nascido, temendo qualquer forma de ameaça ao seu trono. Herodes queria reinar sobre tudo e sobre todos, satisfazendo os seus desejos mais sórdidos de poder e riqueza.
Mas nem José nem Maria estavam sozinhos, Deus estava com eles e nos momentos mais difíceis os amparava e acolhia em seus braços, colocando-os em seu colo, sentindo o Seu Filho que crescia no ventre daquela que seria a Mãe de Todos Nós.
José era um trabalhador dedicado e jamais deixaria que alguma coisa acontecesse com o menino que estava por vir. Ficar em Nazaré parecia arriscado demais, diante das ameaças de que as crianças com menos de dois anos deveriam ser mortas, e então, partiu rumo a Belém por conta do recenseamento promovido pelos Romanos que ocupavam a Galileia. Uma viagem que dependeria somente das suas forças e dos animais que os acompanhavam levando no lombo os seus poucos pertences e a esperança de um mundo melhor repleto de justiça e de paz, produtos raros em um território sem piedade, onde um ser humano valia menos do que uma ovelha ou um camelo.
José tinha consciência de tudo, mas não podia se entregar, não podia agir como tantos outros se acovardando da realidade, porque sabia que o Filho que Maria carregava em seu seio, seria aquele que mudaria o mundo, transformaria o ódio em amor, a inveja em compaixão, o desejo em misericórdia…
Mas o grande dia daquele carpinteiro chegou, talvez não exatamente como ele queria, pois tinha o desejo de oferecer o melhor para aquela Família que seria Sagrada e em meio a viagem, O Menino não quis mais esperar, nascendo em um abrigo de animais, cercado por tudo aquilo que representa a Criação e todos foram testemunhas de que para ser grande o homem não precisa nascer envolto a riquezas, mas estar amparado pelo carinho e alimentado pela ternura, pelo amor, recebendo e transmitindo esperança e confiança.
Nasceu Jesus e o mundo, que estava obscurecido pelas trevas, foi iluminado em todos os seus quadrantes, e uma linda estrela brilhou no firmamento para que todos pudessem contemplar que Deus havia enviado o seu Filho para o mundo, para ensinar os homens e mulheres, ricos ou pobres a verdadeira razão da vida, mostrando que a vida somente se inicia neste mundo e que todos caminhamos para desfrutar a vida na Glória de Deus.
José em seu íntimo também declarou, juntamente com Maria, o seu “sim”, para que tudo aquilo fosse realizado, partilhando do nascimento mais importante que já ocorreu na humanidade, um nascimento que até hoje é comemorado em todo o mundo, mesmo nas áreas mais remotas, pobres e aniquiladas, porque o Natal não tem fronteiras, pois a festa do nascimento do Menino Jesus não pode deixar de ser comemorada, assim como foi tão festejada por José e Maria, que carregaram em seus braços o Filho de Deus.
José foi um bom homem, que soube educar o seu Filho para que esse viesse se tornar um grande homem. Ensinou-lhe a profissão, a cuidar da terra, das plantas e dos animais, apresentou-lhe o mundo, passando-lhe os reais valores da vida, da ética e da moral, mesmo sabendo que aquela criança era o verdadeiro Filho de Deus, mas nem por isso furtou-se da sua obrigação como pai, e assim o fez por toda a vida, e, serenamente um dia José partiu para junto de Deus, mas foi reconhecido por toda a humanidade como Santo e por isso, neste Natal não podemos esquecer da importância de São José na vida de Cristo Jesus e de todos nós, ao lado da Nossa Senhora.
(*) Ariovaldo Lunardi é teólogo e advogado da Mitra Diocesana de Osasco, Ministro da Catedral Santo Antonio e membro de diversas Pastorais.
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