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O cuidado com os idosos: um compromisso cristão e humano

A importância do cuidado com os idosos na construção de famílias mais amorosas e sociedades mais justas.

Imagine a cena: uma criança sentada no colo dos avós, ouvindo histórias que atravessaram gerações. Entre risadas e conselhos, surgem memórias que moldam quem somos e nos acompanham para sempre.

São os avós que preservam os ensinamentos da fé, os valores da vida e as raízes que sustentam nossas famílias. Se hoje conhecemos nossa história, é porque eles, com amor, fizeram questão de transmiti-la. Como recorda o Papa Francisco, “a velhice é um dom e os avós são a ligação entre as gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé”.

Ao celebrarmos o Dia dos Avós em 26 de julho, renasce em nós uma convicção profunda: cuidar dos idosos vai além do afeto — é um compromisso de fé que honra sua dignidade e enriquece nossa própria humanidade.

Na travessia da vida: histórias de cuidado e fé

Antes mesmo de as palavras ganharem voz, a escritura já sussurrava aos corações atentos uma verdade eterna: o cuidado com os idosos é expressão viva do amor de Deus. E como em toda boa história, a Bíblia está repleta de personagens que amaram com ternura e responsabilidade aqueles cujos passos já marcaram o chão da vida.

Na história, encontramos Rute. Viúva, estrangeira e sem muitos recursos, ela poderia ter seguido um novo rumo. Mas escolheu ficar. Disse a Noemi, sua sogra idosa: “Onde fores, irei contigo.” E assim, dia após dia, colhia espigas nos campos para que não faltasse pão em casa. Seu gesto não era apenas carinho, era aliança, fidelidade, um amor que se fez providência (cf. Rute 1,16).

Da mesma forma, quem poderia esquecer a cena do calvário? O céu escurecido, o silêncio pesado, e mesmo assim, Jesus, ferido e prestes a entregar o espírito, volta-se para sua mãe e confia-a a João, o discípulo amado. “Eis aí tua mãe… Mulher, eis aí teu filho.” João a leva para casa, como quem entende que cuidar dos mais velhos é missão sagrada (cf. João 19,26-27).

A história não termina aí. Nas promessas do próprio Deus ressoa um cuidado que transcende o tempo. Em Isaías 46,4, Ele sussurra como um Pai amoroso: “permanecerei o mesmo até vossa velhice, eu vos sustentarei até o tempo dos cabelos brancos…” Deus não apenas acompanha a velhice, Ele a honra com Sua presença fiel.

A dor da solidão e do abandono

Infelizmente, precisamos abrir os olhos para uma realidade que dói: o cuidado com os idosos é, muitas vezes, negligenciado. Muitos vivem isolados, esquecidos até por aqueles que um dia amaram e cuidaram. Ao decorrer dos anos, houve um crescimento exponencialmente dos índices de abandono aos idosos.

Nesse sentido, o Papa Francisco baseou sua mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos no versículo do Salmo 71,9: “Na velhice, não me abandones”, expressão de um clamor por amparo que revela a ternura e a fidelidade de Deus, que nunca desampara seus filhos e filhas, mesmo diante do avançar da idade e do enfraquecimento das forças. 

O cuidado com os idosos nasce do coração de Deus, que cuida, ampara e ama em todos os momentos. Essa certeza nos convida a agir: visitar, escutar, valorizar. Mais do que um gesto de bondade, é um compromisso cristão com a dignidade e a justiça.

O exemplo de Jesus e as palavras do Papa Francisco

É impossível falar sobre o cuidado com os idosos sem lembrar que Jesus sempre se fez próximo dos pequenos, dos esquecidos e dos que o mundo deixava de lado.

O Papa Francisco não se cansou de denunciar a dolorosa “cultura do descarte”, que atinge de forma cruel os idosos. Ele afirmou com firmeza: “a cultura do descarte parece aniquilar os idosos. Sim, não os mata, mas socialmente cancela-os, como se fossem um fardo a ser transportado.

Assim, ele fez um alerta muito claro e direto sobre os impactos dessa mentalidade nas famílias: “Não nos damos conta de que isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros sem um acompanhamento familiar adequado e amoroso mutila e empobrece a própria família”.

Por isso, o cuidado com os idosos é um caminho que resgata não só a dignidade de quem envelhece, mas também a própria essência da vida em família do Evangelho.

Ações concretas para viver este mês com amor

Que tal reservar um momento para visitar aquele idoso que faz parte da sua vida? O cuidado com os idosos começa na escuta, no abraço e na partilha das histórias que eles carregam.

Envolver os avós nas celebrações da comunidade, seja na liturgia, seja nas festas, é um gesto de amor e reconhecimento. Registrar memórias em vídeo ou texto também é uma forma de eternizar sua história.

Por fim, pequenos gestos fazem toda diferença: uma ligação, uma oração juntos, um passeio, uma conversa sem pressa. Cuidar dos idosos é viver o Evangelho com gestos concretos, simples e cheios de amor.

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